quinta-feira, 16 de maio de 2013

Lágrimas das nuvens

O momento em que uma família qualquer, dentro de um carro qualquer, sente um pequeno solavanco, e com a desculpa "não deve ter sido nada", do motorista, eles voltam a conversar tão normalmente quanto antes.
O momento em que você vê um rastro do tão conhecido sangue, vermelho, sendo erradicado cada vez mais sob o asfalto, por aquela roda emborrachada. 
O sol fritando aquela rua claramente mal feita.
O que você faria se olhasse pros lados e absolutamente ninguém sequer pensasse em se importar?
As pessoas simplesmente desviavam o olhar... Pois é mais fácil continuar nos seus afazeres, tão imensamente fatídicos , do que parar apenas um segundo para pensar numa razão daquilo.
Apenas um simples "porque?"
Será que a vida daquele pequenininho passou em frente aos seus olhos nos seus últimos segundos de vida?
Ou será que a mesma tenha sido curta o suficiente para que o vazio, e aquele gosto de ferro, tenha forjado os seus últimos tempos neste mundo?
E ao ver aquela tão misera e escrota cena.
Percebi o quão brutal somos.
Percebi o quão frio nos tronamos.
Percebi que, "A esperança é a ultima que morre", não passa de uma frase para tranquilizar o seu filho, de dois anos de idade, ao dormir baixo trovões um tanto quanto barulhentos.

Pois aqui estou eu, no ponto de ônibus... Perdido nos meus fones de ouvido, com um guarda-chuva pro alto enquanto escuto o som de todas aquelas lágrimas das nuvens caindo.
Com apenas um único e imbecil pensamento egoísta: "Onde será que está o meu ônibus?"

Pelo menos as nuvens choram, 
mesmo continuando tão frias.